Ratitos

Vou voltar ao lugar em que deixei
A carteira e o caderno, ontem à noite
Vinha cá dar um gig, mas ninguém veio
Havia bar aberto e desfrutei-o
No tal bar, um rapaz, ar de opus-dei
Veio a correr para mim com um ar afoito
Pergountou: "Perdeste algo?", e eu disse: "Oi?
Carteira e caderno e mais não sei."

E enquanto dois poetas malditos
Discutem cada estrofe ao balcão
Por baixo há uns quantos ratitos
Que apanham o que eles deitam ao chão
Por cima há um grupo de eruditos
Tipo com um ar de erudição
Vaidosos, não por serem bonitos
Mas por poderem pertencer à multidão

Conhecia-os de algures, só não sei
Se é das tours ou dos bares em que andei
Sei é que tal qual o mestre ou o sensei
Parece que ao falar é só para nós
Um, diz que ouvi lá do fundo a minha voz
Dois, que do que ouviu a tristeza era atroz
Três, que o falhado mais forte e feroz
É o que nem falha, desiste antes

E enquanto dois poetas malditos
Discutem cada estrofe ao balcão
Por baixo há uns quantos ratitos
Que apanham o que eles deitam ao chão
Por cima há um grupo de eruditos
Tipo com um ar de erudição
Vaidosos, não por serem bonitos
Mas por poderem pertencer à multidão

E lembrei-me de onde é que sabia
Da cara do tipo com ar opus dei
Era o filho de amigos
De férias com a minha mãe
Ai, acho que ainda era aparentado do Rei
Na cave do bar, o Rei é um Zé Ninguém
Corrigiu-me, sei lá, para aí 100 vezes
Antes de passar a explicar
Viu a minha carteira
Deu ao gajo do bar

E enquanto dois poetas malditos
Discutem cada estrofe ao balcão
Por baixo há uns quantos ratitos
Que apanham o que eles deitam ao chão



Credits
Writer(s): João Marcelo
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