Não invoquem o amor em vão

Amar é o verbo revelado
Pela boca da divindade
Só deve ser invocado
Em caso de necessidade

Esse verbo não se explica
À luz crua da razão
Ele é a jóia mais rica
Da arca da criação

Podem-no pôr no altar
Frívolo duma canção
Praticá-lo até gastar
Mas não o invoquem em vão

Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão

Podem-no usar com rendas
Ou enfeites de algodão
Para tapar bem as fendas
Por onde sopra a solidão

Podem dá-lo ao desbarato
Podem-no até vender
Metê-lo no guarda-fato
E dá-lo à traça a comer

Podem-no usar no chão
Como capacho dos pés
Mas não o invoquem em vão
Não o sujem com clichés

Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão

Podem-no pôr no altar
Frívolo numa canção
Praticá-lo até gastar
Mas não o invoquem em vão

Não invoquem o amor em vão
É pecado como deitar fora o pão
Não invoquem o amor em vão
É pecado como deitar fora o pão

Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
É pecado como deitar fora o pão

Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
Não invoquem o amor em vão
É pecado como deitar fora o pão

Não invoquem o amor em vão



Credits
Writer(s): Rui Veloso
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