A Nave Interior

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
É de dentro da gente que a nau inaudita
Habita, repousa, amor e hidrogênio
Ah, ah

Silêncio, saudade, soluço, selênio
A nau permanece mesmo quando vai
Secreta se curva, dá a gota, se agita
Se eleva no ar, resplandece e cai

A nave que é mãe
Que é filho e é pai
É tudo e é nada
O povo e ninguém

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai

Respirar, navegar é coisíssima igual
O ar que ri é o fogo da nau
No vale profundo que geme em nós
Reside o casulo do cavalo alado

Na rainha-mãe ou no pobre coitado
Ali se espelha a centelha do gás
Se é moça ou rapaz, ancião ou criança
A chama não cansa de dançar a dança

A nave que é mãe
A nave que é mãe
Que é filho e é pai
Que é filho e é pai
É tudo e é nada
É tudo e é nada
O povo e ninguém

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
É de dentro do peito que a nave sai

Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem...



Credits
Writer(s): Francisco Cesar Goncalves, Ze Ramalho
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