Maçã Tatuada

Numa esquina de copa ficava parada
Alvejada pelas setas do vício
E o início tinha sido divino
O amante latino

Sua boca vermelha, a maçã tatuada
Sobre o ombro, a sombra de veludo
A pele onde um homem que é nada
Pensa que é capaz de tudo

Entre o ouro e a miçanga ofegava a audácia
Entre a joalheria e a farmácia
Entre ser a nova estrela da banda
E uma filha de umbanda

Toda vez que as pestanas castanhas batiam
O olhar trocava mil slide
Na praia, na lambada
Com a amiga que já faleceu de AIDS

E na bolsa quando ia ao toalete
A gilete, o Sempre Livre
O chiclete importado
O velho exemplar do despertar de algum mago
O apelido que não posso esquecer
A Jezebel da Duvivier

Saiu assassinada na manchete
Entre a greve e os motins urbanos
Chamava-se Moema, era morena
E tinha apenas treze anos



Credits
Writer(s): Moacyr Da Luz Silva, Aldir Blanc Mendes
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