Recalque

E o fracasso que desgraça quem não traça caminhos
E os que apedrejam na praça aqueles que já estão sozinhos
E os que invejam a caça dos que deixaram os ninhos
E que parados fracassam, mergulhando ódios em vinhos

E sem querer pensar na morte
Tentando manter-te em pé
Cai-te a moeda da sorte
Cai-te a medalha da fé
E tu só gritas

(refrão)

E eu sigo nu numa dança
Que me balança e avança
Largo a samsara na dança
De vida e morte e mudança

Por curta que seja a viagem
Ou longa que seja a espera
Chegas sempre à outra margem
Chega sempre a primavera

Sou reservado, talvez
Mas foi a reserva que fez
Com que pensasse aos quatro na morte que ele teve aos três
E se calares o que vês
Tirares valor ao que lês
Se ouvires mais do que pregas e duvidares do que crês
Talvez entendas, talvez
Ou enlouqueças, talvez
Talvez te mostre o caminho, como a loucura me fez
Talvez não oiças, talvez
Só digo mais uma vez
Que depois morro e a verdade vai chorar a viuvez

E sem querer pensar na morte
Tentando manter-te em pé
Cai-te a moeda da sorte
Cai-te a medalha da fé

E sem querer perder a sorte
Tentando manter a fé
Sai a moeda da morte
Cai o telhado da sé
E tu só gritas...

(refrão)

(...)