Do Meu Rincão

Penca de potro e marcação porteira a fora,
um par de galgos pra correr lebre aos domingos.
Atar o cacho lá onde a china prende o grampo
sempre que o campo pede a tarefa dos pingos.

Cuidar a lua pra iniciar um bagual de freio,
compor o arreio pra não pisar o cavalo,
a "cruza" boa pra "bandeá" o gado no passo,
cimbrar o laço e "aguentá" o tirão do pealo.

Saltar bem cedo pra matear ao redor do fogo
antes que a lida peça vaza na fronteira,
- que o reio brabo e a espora vão sempre alerta -
e a volta certa da velha tava "culera".

São nessas coisas crioulas do meu rincão
que a tradição tranca o garrão e se garante
e acha quem cante, com sotaque regional,
para tornar universal nosso Rio Grande!

Saber das manhas do tempo e das mangas d'água
quando se arma pra os lados do chovedor.
Dar um saludo mesmo pra quem não conhece
quando se passa um vivente no corredor.

Pular de em pêlo pra manguear a cavalhada,
quebrando geada na manhãzita de inverno.
Levar o pago refletido no semblante
qual um palanque que se sustenta no cerno.

Chapéu tapeado, tirador, bota e bombacha,
pilcha gaúcha, que é de festa e de serviço,
e o mesmo pala que vai ao ombro dobrado
desce pra o braço e escora o que for preciso.



Credits
Writer(s): André Giuliani Teixeira, Anomar Danúbio Machado Vieira
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