Maria do Carmo

Maria do Carmo era bruxa
Sorria com os olhos, chorava segredos
Que punha embaixo da blusa
Entre montanhas, cartas e conselhos
Por trás da sua pele macia
Feito focinho de cão ou cavalo
A casca mais dura cobria
Um coração cheio de calos
No fundo e no raso sabia
Que a palma da mão enganava
Mas quanto mais difícil o dia
Bem mais alto ela sonhava
No quarto que não tem parede
Na cama que não toca o chão
Ria de noite na rede
Das linhas da própria mão

Venha ler minha mão
Venha ler minha mão
Venha ler minha mão, Maria do Carmo!

Leitora de mão nas aldeias
Grandes cidades, mercados cadeias
A bruxa sentia de longe
O cheiro azedo de carteira cheia
Enquanto era perseguida
Pelas mentiras que contou na vida
Um dia um caco de vidro
Rasgou o seu pé, mas mostrou a saída
No fundo e no raso Maria
A palma da mão é uma farsa
E são as linhas da vida
Cada escolha em nossa estrada
Por isso Maria trocou
As linhas da mão pelas linhas do pé
A parte do nosso corpo
Que leva a gente pr'onde a gente quer!

Venha ler meu pé
Venha ler meu pé
Venha ler meu pé, Maria do Carmo!



Credits
Writer(s): Duda
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