Aimé Césaire

Sem ponta solta
Kamikaze contra tudo que esses cara põe no meu caminho
Não fui pra boca, minha visão foi outra
Minha mãe me criou bem sem pai nem padrin'

Entre os malandro, o mais ávido
Deixando vacilão pálido
Levanta as taça, a verdade é de graça
Parça, quero a cabeça deles na praça, falidos

Armas na cintura, o beco não para por nada
FAL pras viatura, atura, é igual peixe pra água
Negros não tiram férias
Atrás das grades, quantas primaveras?

Maldade, as mágoas, isso dilacera
Mais que a saudade, as carta, escapa as lágrimas
As páginas, as caminhadas seguem

Eu sigo firme, esse é o crime
Tipo efeito químico
No pique em qualquer time
Sou, no mínimo, um lírico divino, em 2025
Vish, assim me sinto em casa, parça

Sem caçar briga
Mas sou um caça belga num céu só de pipa
Livre tipo Galanga, Chico Rei
Sem pala, sem falar que nessas linhas
Eu burlei mais de cinco lei

I am the Omega (no)
Eu sou o dono do flow mega
Sônico, pondo pra foder
Então me chama, tem noção?
Eu ponho o coração até no fonograma

Quer o cronograma?
Às cinco assumo o posto
Às seis tô pronto pra esse frenesi
Às sete, eu tenho versos que fariam
Eles duvidarem que são MCs

Tipo drone, grana, Grammy
(Drone, grana, Grammy)
Fone, fama, frame
(Fone, fama, frame)
Chique pra quem cruza de busão
O Jardim Macedônia, o Leme

Vim pra foder o sistema
Hip-hop, rap, esse é o esquema
A lírica que vence tipo a miss, plena
Pretos no topo, pensa nisso e trema

Eu sei que teclas pretas
Vão dominar o piano (dominar o piano)
Só de chegar aqui, já tô desafiando
De volta ao jogo
Hoje eu vou virar o Keanu (vou virar o Keanu)
Meu bloco de notas é iraquiano (iraquiano)

Eu sei que teclas pretas
Vão dominar o piano (dominar o piano)
Só de chegar aqui, já tô desafiando (tô desafiando)
De volta ao jogo, hoje eu vou virar o Keanu
Meu bloco de notas é iraquiano

Arquitetando rimas
Tão focado em trabalhar
Que nessa eu fiz um tapão
Que se pega na cara, esses cara
Me chama de Baba Yaga, bicho-papão

Um preto virando patrão
Com a lírica que pira o padrão
Caçando na savana, semana após semana
Como quem vai comprar pão

Vejo os meus entre bar e cela
A guerra acontece, é navalha e vela
A solução pra aquelas áreas era
Marighella

Joias africanas tocam no corpo
Que é belo demais pra envolver Vivara
Revolução no coração
Me chamem de Ernesto Kayode Guevara

Para, para, para, a bala vara a sala agora
Perdida como geral tá lá fora
A vida pra quem na favela mora
Acaba enquanto o Estado comemora

Embora abusem, nóis vem
Cometendo esse bando de crime hediondo
Roubando a paz do burguês, neto de colono
Pondo fé no menor dentro do quilombo

Sem piadinha, rima afiadinha
Pode vim, cara pálida, que eu ouso
Racista quer tocar na minha mão?
Irmão, só se for pra guardá-la no meu bolso

Eu sou um pacto de Zumbi e Dandara
Se o inimigo é bom assim, então fala
Me juntei com todos ancestrais
A fim de abrir umas portas e nóis escancara

Eu sei que teclas pretas
Vão dominar o piano (dominar o piano)
Só de chegar aqui, já tô desafiando
De volta ao jogo
Hoje eu vou virar o Keanu (vou virar o Keanu)
Meu bloco de notas é iraquiano (é iraquiano)

Eu sei que teclas pretas
Vão dominar o piano (dominar o piano)
Só de chegar aqui, já tô desafiando (tô desafiando)
De volta ao jogo, hoje eu vou virar o Keanu
Meu bloco de notas é iraquiano



Credits
Writer(s): Caio Barbosa De Paiva, Stefan Wey Berti Brito, Felipe Kayode Delfino Arruda
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