Justiceiros

E hoje eu dormi mal, 'tava um calor do cão
Insônia, então fui ver televisão
Era quase 6 da manhã, já era hora de acordar
Conta pra fechar, tenho que ir trampar

Deslocamento pela cidade, do Centro pra Leste
Pegar metrô e lotação, pra mim é um teste
Tento não reclamar, tenho uma meta a seguir
Dou é graças a Deus pelo trampo que eu consegui

No final do mês não sobra tempo, mas tudo bem
Hora extra, sou obrigado a fazer também
Que Deus me proteja, ilumine meu caminho
Nas neurose, tomando uma na Conselheiro sozinho

Nunca estarei sozinho
É treta com colega de trampo, patrão, vizinho
O metrô chegou na estação, disposição
É seu ganha-pão, não chora, não!

Escutar reclamação de patrão preguiçoso
Que descarrega tudo nos funcionários, nervoso
Cheguei tarde do fechamento e ele não terminou
Tento ser mais forte que o sono, mas ele me dominou

Acesso a net, vejo umas notícia
Final de 2012, tão matando polícia
Não quero nem ver onde a essa merda vai acabar
Vai ter toque de recolher pra inocente correr
Fica moscando na Tamandaré se quiser morrer

Algum polícia ou ex-polícia foi detectado
Não importa o cenário, vai ser baleado
Todo mundo à noite, em casa, com medo trancado
Justiceiros

É o lema dos bota, da Tático, da Rota
Prender fulano pra ver ele solto? Vou é reduzir a cota
É menos um no presídio por tráfico, homicídio
Depois ver ele solto faturando mais que nosso arrego
É suicídio

Diz a imprensa que só trabalha com fato
Mas ninguém sabe memo' da verdade
Toda ação gera reação, retaliação, alguns boato
E alguns foram assassinados, o partido tá bolado
Resultado: vai morrer também do outro lado

Não importa se é no final do ano, acabou a paz
Barulho de moto, já faço questão de olhar pra trás
Já vem na mente A286, Noites de Bagdá
A polícia começou a contra-atacar
Descanse em paz, DJ Lah!

Levaram pro fundo da viatura e filmaram
Algum suspeito? Nada! Já virou sepultura
E ninguém sabe quem é quem
Ninguém sabe de onde a bala vem

Chegar em casa cansado depois do horário
Conviver e se deparar com o noticiário
Não importa, vou é colar na rua
Como de praxe com os parceiro, sexta, admirar a lua

Distraído, dando risada com a rapa, eu me expus
Que Deus nos proteja do justiceiro de capacete, capuz
Se vierem, não vai sobrar um pra dar notícia
Vão atirar e tirar as bala pra não foder na perícia

Ainda falam que essa porra é um país pacífico
Um país festeiro, hospitaleiro, magnífico
É areia nos olhos de quem não ver
Ou não quer admitir que esse conflito aqui é típico
Justiceiros



Credits
Writer(s): Arthur Diogo Lima De Carvalho
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