Construtivismo Russo
de tanto pensar na vida
acabo esquecendo de dar o passo eminente
de me armar com todo o gosto insípido do medo
apontando na fragilidade do inimigo, o agora.
saindo do mesmo lugar de tanto passo cruzado
acabo dançando sem saber dançar
se é o passo, o instinto subterrâneo em que me movo
como posso, sem os pés, saber voar?
ele me diz que está cansado de gritar e quer resposta
eu digo que a resposta vai chegar em algum momento
ele esmurra uma parede e diz que tudo é idiota
eu digo que a melhor pergunta é o silêncio.
e se não parecer tão educado, ele pega uma garrafa
e atira no primeiro que vê pela frente
desencadeando uma espécie de ódio corrente
e não é de se mentir
o primeiro que atirou a garrafa foi o último que conseguiu sorrir.
que acertou no jornaleiro que despontou no jornalista
que anunciou a tragédia de modo eugenista
e que fez o pensador pensar
com tanto pandemônio, como comercializar?
se o bem é lucrar
os guardanapos folheados para uma lágrima tentar secar
absorver o papel como absorver o idiota na sua frente
que fala por si só e se acha proeminente
que fez campanha pra sua família e assediou sua filhinha
e só não fala de política pois "é muito lero pra entender".
se o bem é lacrar
a mulher de 19 anos que foi expulsa pela família
por não condizer com a moral dita
felícia, o nome da namorada encobertada
quando ela joga no fogo os álbuns de fotografias
e apaga o passado como assa um bolo pra espairecer o mau-olhado
a mãe diz no púlpito que a moda é hermafrodita
o pai diz que os tempos são outros
o pai diz que viado tem que levar porrada
felícia nunca mais foi encontrada
quando jogou no fogo os momentos que passou
soube-se que era imaginária
comeu-se o bolo e apagou. envenenada.
com olhares de horror os manifestantes admiram o caixão
e estendem com a mão seus celulares filmando todo o cortejo
do corpo pro mato
do corpo pro prato
do corpo pro tato
ele pega e parte um pedaço.
enquanto os manifestantes se fartam
os cartazes vermelhos pintados
no ar, áudios vazados.
o punho que cerra com força é aquele que você sente lá dentro.
a mão que se levanta ao norte é aquela que está mais perto.
colorida, disfarçada, insípida, inóspita.
aquilo que se não vive se corta
o dummy que não se curva, sai da rota
e o ponto fora da turva.
a beleza dentro de si, do estômago
o mal puxa pelo vento
o garçom entrega a conta
o papo é sórdido e violento.
o seu filho desaparecido
o conhecido entubado no hospital
os ovos das moscas que eclodiram no seu tio
a última cartela do gardenal.
do gosto do último cigarro tragado no maço
na maca no buraco da vida
da maçã da serpente saiu minhas contas
meus laços, meus traços, meus braços, minha ida.
na frente da fric fric fric fricção científica
litígio dos deuses, colírio das chuvas
abstrato como o pato, anárquico como o copo
fragatas mágicas, sexo é política, vou vivendo como posso.
comer da cabeça à ponta
mastigar o aço da colher
o motoboy entrega a conta e o babador
e esquálido sai do prédio, engolindo poeira, caos e dor.
e quanto vale a vida?
ela está aí pra ser vivida?
no combate da lírica
antes mais vívida?
só mais uma das tantas características
que eu posso tentar combinar
de tanto dançar e esquecer
de tanto sofrer pra ligar
e enquanto pensar
ainda estarei bicho-folha
vivendo nessa bolha
esperando terminar
pra recomeçar - e pagar todo esse preço
de volta ao começo.
acabo esquecendo de dar o passo eminente
de me armar com todo o gosto insípido do medo
apontando na fragilidade do inimigo, o agora.
saindo do mesmo lugar de tanto passo cruzado
acabo dançando sem saber dançar
se é o passo, o instinto subterrâneo em que me movo
como posso, sem os pés, saber voar?
ele me diz que está cansado de gritar e quer resposta
eu digo que a resposta vai chegar em algum momento
ele esmurra uma parede e diz que tudo é idiota
eu digo que a melhor pergunta é o silêncio.
e se não parecer tão educado, ele pega uma garrafa
e atira no primeiro que vê pela frente
desencadeando uma espécie de ódio corrente
e não é de se mentir
o primeiro que atirou a garrafa foi o último que conseguiu sorrir.
que acertou no jornaleiro que despontou no jornalista
que anunciou a tragédia de modo eugenista
e que fez o pensador pensar
com tanto pandemônio, como comercializar?
se o bem é lucrar
os guardanapos folheados para uma lágrima tentar secar
absorver o papel como absorver o idiota na sua frente
que fala por si só e se acha proeminente
que fez campanha pra sua família e assediou sua filhinha
e só não fala de política pois "é muito lero pra entender".
se o bem é lacrar
a mulher de 19 anos que foi expulsa pela família
por não condizer com a moral dita
felícia, o nome da namorada encobertada
quando ela joga no fogo os álbuns de fotografias
e apaga o passado como assa um bolo pra espairecer o mau-olhado
a mãe diz no púlpito que a moda é hermafrodita
o pai diz que os tempos são outros
o pai diz que viado tem que levar porrada
felícia nunca mais foi encontrada
quando jogou no fogo os momentos que passou
soube-se que era imaginária
comeu-se o bolo e apagou. envenenada.
com olhares de horror os manifestantes admiram o caixão
e estendem com a mão seus celulares filmando todo o cortejo
do corpo pro mato
do corpo pro prato
do corpo pro tato
ele pega e parte um pedaço.
enquanto os manifestantes se fartam
os cartazes vermelhos pintados
no ar, áudios vazados.
o punho que cerra com força é aquele que você sente lá dentro.
a mão que se levanta ao norte é aquela que está mais perto.
colorida, disfarçada, insípida, inóspita.
aquilo que se não vive se corta
o dummy que não se curva, sai da rota
e o ponto fora da turva.
a beleza dentro de si, do estômago
o mal puxa pelo vento
o garçom entrega a conta
o papo é sórdido e violento.
o seu filho desaparecido
o conhecido entubado no hospital
os ovos das moscas que eclodiram no seu tio
a última cartela do gardenal.
do gosto do último cigarro tragado no maço
na maca no buraco da vida
da maçã da serpente saiu minhas contas
meus laços, meus traços, meus braços, minha ida.
na frente da fric fric fric fricção científica
litígio dos deuses, colírio das chuvas
abstrato como o pato, anárquico como o copo
fragatas mágicas, sexo é política, vou vivendo como posso.
comer da cabeça à ponta
mastigar o aço da colher
o motoboy entrega a conta e o babador
e esquálido sai do prédio, engolindo poeira, caos e dor.
e quanto vale a vida?
ela está aí pra ser vivida?
no combate da lírica
antes mais vívida?
só mais uma das tantas características
que eu posso tentar combinar
de tanto dançar e esquecer
de tanto sofrer pra ligar
e enquanto pensar
ainda estarei bicho-folha
vivendo nessa bolha
esperando terminar
pra recomeçar - e pagar todo esse preço
de volta ao começo.
Credits
Writer(s): J.p Schwenck
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