NOITES DO SUBÚRBIO

Nas sombras
Nos sorrisos raros
Nesse canto da cidade
Onde o samba é rei

Mais uma noite no subúrbio
A carne já é fraca
E a loja só vende alívio

Carga pra balançar o navio
Cada um com a sua onda
E cada qual com seu dilúvio

Uma lua pra cada filho
Duas chuteiras pra cada fio
Cuidado atravessando o trilho

Se é quatro roda, abaixa o vidro
Antes das três, baile vazio
Morador sai de casa às cinco, pô

Operação em pleno domingo
Conhece a sensação? Não?
Então, pra mim, tu é gringo, pô

Vai acreditar quando for contigo
O ronco na barriga, o calafrio na espinha
O sonho no verão de todo jovem é ter um Springer

Por esses que o produto sempre gira
Aprendendo com os mais velhos
Que não seca onde pinga
As esquinas daqui me deram ginga
E o fundo do busão inspirou meu primeiro single

Esse é o relato de mais um sobrevivente
Que fez florescer amor só que sem pôr fertilizante

Eu vi
Minha vó fazer com pouco ingrediente
Um banquete que eu não comi nem nos melhores restaurantes

Eu restaurei toda dor que meu pai causou
Entendendo que até meu vô
Era uma criança até ontem
Na adolescência eu tinha ciência que era brilhante

Noites do subúrbio
Como diz o sábio
Meu silêncio diz muito e franze o lábio

Saudade dos tempos antigos
Futebol na rua da pastelaria do Fábio
Noites do subúrbio
Na falta de uber

Reveza o descanso que o busão retorna às quatro
Trato o rap como um tipo de distúrbio
Que me trouxe o mundo e retirou momentos
Há muito tempo eu não me lembro
O que é ter tempo hábil

Um breve sinto muito
Tem poder pra mudar a cena
Nós não teve tempo de crescer assistindo Marvel

Os Vingador aqui tão se vingando do sistema
Fugindo da arapuca
Minha dama é como a Erika Januza
A história da nossa vida é subúrbia
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