Em Recoluta

Um tarumã bem copado
Abriga ao tempo os cavalos
Maneia, cabresto preso
Descansa a pata o oveiro

Estância grande pras léguas
Tantas de sesmarias
Nem bem clareava o dia
Mateava nós e o posteiro

Agosto largo, dando serviço
Pra os ponchos negros
Garoa e vento tenteando
Os chapéus de copa batida

Silhuetas de ontem, encilhas na espera
Cuscada na volta
Tauras na escolta, tino de perro
Tranqueando a lida

Fazia tempo que uma divisa
Já tinha ido
Arame preto com a enchente forte
Partiu ao meio

Trinta novilhas, pampa de sangue
E marca de copa
Ponta de tropa, sobraram tarca
Ontem no rodeio

Trinta novilhas, pampa de sangue
E marca de copa
Ponta de tropa, sobraram tarca
Ontem no rodeio
Depois dos mates, prosa boa
E permisso do posteiro
Nós e mais quatro ovelheiros
E o peso do compromisso

Em reculuta num grito largo
Levando a vista em reponte
Era o horizonte
Homem e cavalo pra esse serviço

Chave de arame, mango e acouo
Armas pra guerra
Firma as esporas, trompa cavalo
Num bueno aparte

Quem tem a vida nas quatro patas
De um bom ruano
É soberano
E faz da lida sua própria arte

Em campo ajeno a cuscada alerta
Atende o chamado
Na várzea larga um pataleio
Alcança a novilha

Trinta nas contas, bandeiam o mato
Pra invernada
E a novilhada segue no mando
De quem encilha

Trinta nas contas, bandeiam o mato
Pra invernada
E a novilhada segue no mando
De quem encilha



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