De Santa Clara ao Além

A Lua se põe à vista
Como quem vem de visita
Semear a imagem bonita
Nos confins dos corredores

Beijar a face das flores
Chegar nos ranchos por frestas
E despertar a seresta
No peito dos cantadores

Um raio guacho descansa
Sobre as loncas ressequitas
Que de dia tomam vida
E à noite velam as penas

Dorme um par de nazarenas
No gancho da pitangueira
Sonhando com a barrigueira
E a fúria dos mais ventenas

Lá no oitão da ramada
Um grilo altivo e faceiro
Dobra o canto feiticeiro
E um cusco deita ao relento

Vem no reponte do vento
De longe um berro de touro
E uma tropilha de mouros
Retouça no firmamento
E uma tropilha de mouros
Retouça no firmamento

Se Deus artista pintou
Este quadro à imagem sua
Fez dele a estampa xirua
Dolente, tristonha e bela

A cada quatro matela
Conforme o quadro lunar
Para que se possa olhar
E adormecer dentro dela

Lá no oitão da ramada
Um grilo altivo e faceiro
Dobra o canto feiticeiro
E um cusco deita ao relento

Vem no reponte do vento
De longe um berro de touro
E uma tropilha de mouros
Retouça no firmamento
E uma tropilha de mouros
Retouça no firmamento



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