Rosas

Vejo o teu vulto a afastar
E eu faço tudo, faço tudo para voltares
Volto ao começo, escolto o presente
Fujo ao silêncio
Tirei pétala a pétala, foi meia década
Recordo as verdades
Os votos, os sonhos, risonhos e nossos
Dois só que metades
Em esquemas e esquissos não fomos quadrados
No canto do Virtus trapézios em salto
De lado para lado, assimétricos e errados
Revejo passos em vão, ao ver-me só num vão
Enquanto caio no chão, arqueio e afasto
Escondo em frases teu não, engendro fases então
Procuro dar a razão ao meu fracasso

E secam rosas nos degraus
Perdem a cor serão iguais
Teus pés circundam sem pisar
Meus pés tropeçam no passado

Não venhas tarde
Peço tempo para falarmos e escutarmos cada parte
Sem pisar teu cadafalso
Com cuidado a cada passo
Com verdade em cada pulso
Com pesar a cada vez que parto
Seguro os maços dos cigarros que tu fumas
Sempre tão preocupados com em que pousar as culpas
Outrora longas, hoje as nossas noites, curtas
Outrora rosas, hoje as nossas noites custam
Sei do mal, a miragem que o peito rasga
Rei do nada, a cada beijo vejo Esparta
Ser aquele que é na capa do Cão, então creio que basta
Termos outra discussão sobre o dinheiro que nos falta
Os traumas que ignoramos
Que outrora tanto nossos, são dos filhos que criamos
Enquanto passam anos, acumulam-se os enganos
E o peso dos erros, tantos, sobre os quais nunca falamos
Dantes só, mas um corpo encontra o outro
Amantes, nós
Tudo se desmonta aos poucos
Deixa-me só, pois um corpo compra outro
Sei me só, um corpo contra o corpo

E secam rosas nos degraus
Perdem a cor serão iguais
Teus pés circundam sem pisar
Meus pés tropeçam no passado
E secam rosas nos degraus
Perdem a cor serão iguais
Teus pés circundam sem pisar
Meus pés tropeçam no passado



Credits
Writer(s): Carlos Alves
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