Ufa!

Lanterna na minha cara
E ele já fala
Ai de você se correr
Se se mover vai ver
Explodo sua face com um tiro de 12
Mas quando desce da barca atola a bota num quilo de bosta de noia
E eu pude ver com a fúria que ele me olha que agora chegou minha hora

Vai, filho da puta, tira a blusa
Ce já entrou numa fria
Fez eu limpar seu coturno com a minha blusa e me obrigou a vesti-la
Visto a blusa e o cheiro que é insuportável na hora me faz vomitar
E o jato da vomitada atinge a cara e a farda do guarda

Ahhhhh! agora imploro pra Deus não deixar eu morrer
Oh, meu Senhor, eu lhe peço que ouça minha voz
Me livre da covardia do homem feroz
Pra voltar vivo pra casa

Como se lesse a minha mente, ele me diz
Eu sou seu Deus
Seu infeliz, cê já morreu
Quer que eu seja um machado ou seja um cajado?
E aí, seu fariseu?
Fala pra mim: qual escolheu?
Melhor ser decapitado do que empalado
Por isso foi que escolhi o machado

Mas ele o cajado pegou
E uma risada malvada soltou
Pôs a mão espalmada, deu cusparadae o cajado lustrou

E eu chorando, soluço
E ele ordena que os outros me joguem de bruços
Prendem braços e pernas
Rasgam minha berma
Pra receber o intruso
Movimenta o cajado feito um pêndulo e eu olho tudo incrédulo

E ele joga bem alto pra descer com força
Nisso eu fico histérico
Essa cena é tão violenta e se passa em câmera lenta
O meu fim está próximo
Mas antes disso alguém vem e diz:
Corta!

Que atuação primorosa
Vamos para a próxima cena
Vocês todos estão de parabéns
Vamos, vamos, vamos



Credits
Writer(s): Kiko Dinucci, Rodrigo Ogi
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