Homens e Chuvas

Faz dias que eu sinto esse vento norte
Inquieto e inconstante varrendo a paisagem
A chuva se faz anunciar feito a sorte
Quando são escassas, aguada e pastagem

João Grande, solito na várzea pousado
O gado se ajunta pra lá do rodeio
Cavalos nas sombras suando parados
E a estância se apronta que vem tempo feio

É escuro pro lado onde a chuva começa
E vem levantando esse cheiro de chão
O peão da invernada retorna com pressa
Buscando o abrigo fiel do galpão

O mundo estremece, o trovão é quem canta
O raio recorta da tarde um pedaço
O campo se ajoelha, o céu se levanta
E o vento da chuva reponta o mormaço
O céu se levanta
E o vento da chuva reponta o mormaço

Nas velhas que benzem tormentas e almas
Ou na cruz de sal sobra um velho balcão
A fé se debruça, o vento se acalma
E a chuva se amansa molhando o rincão

O homem levanta o chapéu e bombeia
O pasto rebrota e verdeja de novo
Que a chuva que chega na seca mais feia
É feita a esperança nos olhos do povo

O mundo estremece, o trovão é quem canta
O raio recorta da tarde um pedaço
O campo se ajoelha, o céu se levanta
E o vento da chuva reponta o mormaço
O céu se levanta
E o vento da chuva reponta o mormaço

O mormaço
O mormaço



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