Ressaca.6 - Tudo que já nadei
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Eu não sou mais triste
Sair da água dava medo
Na água, só os corajosos
Mas sair é que dava medo
Não existe temperatura quando se é criança
Sua mãe que decide
Se você precisa ou não de um capotinho
Eu sempre entrei
Gélida ou não, eu sempre entrei
Na água, a valentia
Águas-vivas, ondas
Correntezas, pranchas
A primalhada toda dopada
Que nem eu
Nos alertavam
Antes de nos desconectarmos
Caso você se perca, nós estamos ali
Em frente àquele prédio
Ou àquela bandeira
Eu até prestava atenção
A ideia de me perder do meu pai
Ou da minha mãe na saída da água
Me assustava num grau de infinitude
Eu não via solução se me perdesse
Concluía muito seriamente
Me perderei e será para sempre
Eu era uma criança velha
As coisas eram sérias
Porque eu já tinha consciência, infelizmente
A barriga queimada da prancha de isopor
Os peixes vistos com a máscara
A estrela que eu e minhas primas
Fazíamos com as pernas
As frutas que falávamos embaixo d'água
Para alguém entender
A demência, o amor puro
Os caldos, os jacarés
A negociação com Netuno
Só mais um pouco
Nos deixe viver só mais um pouco
Amava tomar caldo, no fundo, no fundo
Só consigo quando duplico
Tomar caldo era se perceber viva
Que dias, que era, que verão
Sempre era meu aniversário no verão
E assim sempre será, ojalá!
Sempre envelheci dentro do mar
A água nunca estava tão cheia
Engraçado, mas a areia, sim
O mundo habitava a areia
Sand people, adultos torravam
Bebiam, comiam, compravam
Eu também tinha interesse na areia
O corpo embaixo da areia, o castelo gótico
Que era possível fazer quando se molhasse a terra
O planeta era habitável
Onde quer que estivesse eu conseguiria
Arrumar o que fazer, eu vou conseguir
Nós estamos ali, em frente àquele prédio
Ou àquela bandeira
Saía da água e procurava
O prédio ou a bandeira
Mas por alguns segundos
Uma vez minutos, não os achava
Minha família
Me perdi e será para sempre
Eu via minha pele
Esturricando com antecedência
Me perdi, me perdi
Vou voltar pra água, namorar Netuno
Renegociar minha vida
Me perdi da minha família terrestre, acabou
Era rápido, mas eu ia longe
Um clássico dos pensamentos rápidos
São mais distantes
Os pensamentos elaborados
E demorados são tão próximos, quase irritam
De repente uma luz
O bigode do meu pai
As pernas com óleo de bronzear da minha mãe
O boné do vovô Ralph
A caipirinha da vovó Marphisa
Não era prédio, não era bandeira
Eu me guiava pela minha lupa pessoal
Os detalhes me levavam pra casa
Em 2014, quase morri
Minha canga enrolou na roda do bugre
Na volta pra casa de um passeio baiano
Era de noite, eu olhava as estrelas
Ao lado do motorista quando de repente
Achei que estava em carne viva
E estava
Quem me guarda resolveu
Que ainda não estava na hora
Eu sabia dos avisos
De como voltar da água pra areia
A água ainda não é minha casa, a areia é
A bandeira, o prédio de cor assim ou assado
O bigode do meu pai
A perna bronzeada da minha mãe
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Eu não sou mais triste
Sair da água dava medo
Na água, só os corajosos
Mas sair é que dava medo
Não existe temperatura quando se é criança
Sua mãe que decide
Se você precisa ou não de um capotinho
Eu sempre entrei
Gélida ou não, eu sempre entrei
Na água, a valentia
Águas-vivas, ondas
Correntezas, pranchas
A primalhada toda dopada
Que nem eu
Nos alertavam
Antes de nos desconectarmos
Caso você se perca, nós estamos ali
Em frente àquele prédio
Ou àquela bandeira
Eu até prestava atenção
A ideia de me perder do meu pai
Ou da minha mãe na saída da água
Me assustava num grau de infinitude
Eu não via solução se me perdesse
Concluía muito seriamente
Me perderei e será para sempre
Eu era uma criança velha
As coisas eram sérias
Porque eu já tinha consciência, infelizmente
A barriga queimada da prancha de isopor
Os peixes vistos com a máscara
A estrela que eu e minhas primas
Fazíamos com as pernas
As frutas que falávamos embaixo d'água
Para alguém entender
A demência, o amor puro
Os caldos, os jacarés
A negociação com Netuno
Só mais um pouco
Nos deixe viver só mais um pouco
Amava tomar caldo, no fundo, no fundo
Só consigo quando duplico
Tomar caldo era se perceber viva
Que dias, que era, que verão
Sempre era meu aniversário no verão
E assim sempre será, ojalá!
Sempre envelheci dentro do mar
A água nunca estava tão cheia
Engraçado, mas a areia, sim
O mundo habitava a areia
Sand people, adultos torravam
Bebiam, comiam, compravam
Eu também tinha interesse na areia
O corpo embaixo da areia, o castelo gótico
Que era possível fazer quando se molhasse a terra
O planeta era habitável
Onde quer que estivesse eu conseguiria
Arrumar o que fazer, eu vou conseguir
Nós estamos ali, em frente àquele prédio
Ou àquela bandeira
Saía da água e procurava
O prédio ou a bandeira
Mas por alguns segundos
Uma vez minutos, não os achava
Minha família
Me perdi e será para sempre
Eu via minha pele
Esturricando com antecedência
Me perdi, me perdi
Vou voltar pra água, namorar Netuno
Renegociar minha vida
Me perdi da minha família terrestre, acabou
Era rápido, mas eu ia longe
Um clássico dos pensamentos rápidos
São mais distantes
Os pensamentos elaborados
E demorados são tão próximos, quase irritam
De repente uma luz
O bigode do meu pai
As pernas com óleo de bronzear da minha mãe
O boné do vovô Ralph
A caipirinha da vovó Marphisa
Não era prédio, não era bandeira
Eu me guiava pela minha lupa pessoal
Os detalhes me levavam pra casa
Em 2014, quase morri
Minha canga enrolou na roda do bugre
Na volta pra casa de um passeio baiano
Era de noite, eu olhava as estrelas
Ao lado do motorista quando de repente
Achei que estava em carne viva
E estava
Quem me guarda resolveu
Que ainda não estava na hora
Eu sabia dos avisos
De como voltar da água pra areia
A água ainda não é minha casa, a areia é
A bandeira, o prédio de cor assim ou assado
O bigode do meu pai
A perna bronzeada da minha mãe
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