Ressaca.8 - Tudo que já nadei

Analiso ansiedade
Mas tento não panicar achando que tudo é um aviso
Não chega a ser medo da morte, é medo do horror
Quando foi que 1500 pessoas morrerem por dia no país
Se tornou de boa? Falho em compreender

Estou horrorizada com o horror
E, estando mais dentro do que nunca
Eu fico tendo esses sustos
Quando a gente pode sair
O mundo abobalha tanto que anestesia
Não podendo sair, estou desconfiada
Como presa tola e magrela

Fico tendo esses sustos
Um soluço à décima potência, sabe assim?
Se rivotralizar, não terei ao que recorrer
Quando entrar num avião

E eu preciso entrar em aviões
Para que a vida seja recarregada
E eu me sinta minúscula
E por isso mesmo maiúscula

Preciso de aviões
Porque não é a todos os mares
E praias que desejo conhecer
Que consigo chegar de carro

Para chegar ao paraíso que desejo
Preciso passar por esse purgatório que é voar
Me deixem assim, tola
Quando consigo dormir melhora
Tenho sonhos tão bonitos

Outro dia sonhei que lia meu nome num convite
E, logo após meu nome vinha minha profissão
E lá estava: ovelha! Besteiras

Transitália
BB sempre comemora o aniversário
Com um passeio de barco, sai ali da Urca
Vai até as Cagarras, fica um tempo e volta

BB já morou na Itália
É dos seres mais figuras que conheço
Já tentamos morar juntos
Mas o Rio de Janeiro não permite que pessoas
Que ganham dinheiro normal residam em lugar algum

É preciso ganhar um dinheiro anormal
Não ganhamos, ainda
BB chama seus aniversários de BB Al Mare

Porque ama a Itália
E fala italiano molto bene
Foram muitas edições já, só fui a uma
Sempre tenho um show ou uma viagem

BB é de janeiro, como eu
Mas é dezessete, sou cinco
A única vez que fui, enjoei um bocado
Não sou tanto de barco, sou do mar

O barco é troço sólido em cima de troço líquido
Não combina com meu metabolismo
Ou eu nado, ou eu fico na areia
Esse in between não me pega

Tomei um Dramin
Pois vi uma convidada vomitando
É tão difícil ver outra pessoa vomitar
Com medo de seguir o rastro
E provocar difícil visão para outrem, dropei o Dramin

Visão dos portugueses!
Visão dos portugueses!
Bradava BB, de tempos em tempos
Apontando para o continente
Louco olhar a cidade do mar

Quando rola marola alta e os prédios se perdem
E só os topos dos morros restam
A gente se sente meio português
Devastando tudo mesmo, que horror!

Tive que me deitar no banquinho
Todos bebiam e dançavam
E comiam sanduíche a metro
Eu tive que me deitar

Um delírio hilário tomou conta de mim
E me guiou rumo à cura
Me coloquei de volta no útero da minha mãe
Pisciana, claro
Fui me ajambrando, pensando que era
Uma delicinha estar ali, bibibi-bóbóbó

Eu não estou nesse barco
Eu estou na barriga daquela mulher, minha mãe
Eu já sou grande pra cá
Eu me mexo? Eu estou torta? Ela canta? Eu entendo?
Eu não sei se era o mar, se era o remédio
Mas, quando dei por mim, chegamos às Cagarras

Alívio do mergulho, não dava pé
Mas deu alívio abraçar por completo o remelexo
Ou eu nado, ou eu fico na areia
Ficar num barco parado
É uma coisa enlouquecedora pra mim

Nas Cagarras, não há como ir para a pedra
Não há areia, então só nadei, boiei e alucinei
Um amigo mergulha do barco de cabeça

A emoção do nem um segundo
Em queda livre eu entendo, compartilho
Hoje não consigo, sinto que vou quebrar as costas
Mas admiro quem ainda tem essa coragem do pulo, do salto
Ele emerge, preocupado
Estamos todos bêbados ou medicados



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