Ressaca.10 - Tudo que já nadei
Vim a praia e estou vendo uma cena bonita
Um gringo e uma gringa foram mergulhar
Sem pedir a ninguém para
Dar uma olhadinha nas suas coisas
Instintiva e paranoicamente estou aqui
Guardando seus pertences e percebendo que
Em nenhum momento eles olham para cá
O que importa é o mar, é o mergulho
É esse caldo que eles acabaram de tomar
O que importa é essa risada em sueco
Que eles estão dando pós-caldo
Deve ser tão leve vir à praia
E esquecer que você tem coisas
Documentos, dinheiro, cremes caros
Para o cabelo não ficar palha
Ou para a cara não esturricar
Um livro que você ainda não acabou
Um celular que você ainda não pagou
Uma roupa que você ama, enfim
Que leveza! Quando voltarem darei um toque
Para terem mais cautela
Mas também devo dar parabéns
O mar deixa a gente com cinco anos mesmo
Líquidos, líquido A
Fiz xixi na cama essa noite
Após quase 30 anos talvez sem
Foi ridículo, porque foi meio territorialista
Preciso sair dessa casa em vez de empacotar
Bebo litros de cerveja belga
Que custam o preço da mudança e mijo na cama, que ridícula!
Ele quase ligou para o meu pai
Porque achou que era lance espiritual
Eu devia estar virada, não lembro
E quando a gente não lembra, alívio ou constrangimento?
Líquido B, esqueci de comprar água
E nessa casa não tem filtro
Cidade seca do cão
Penso em todos os horrores que já coloquei na boca
Desde cloro até fandangos
Passando por outras bocas
E aceito beber água da pia
Mas sinto um cheiro de remédio ruim
Que me impede de matar a sede
São quatro da manhã, estou com ressaca
Sem nem ter dormido
Fervo água da pia
Só não vou colocar no congelador
Porque quando era pequena
Fiz isso com a gelatina
Para que ficasse pronta logo
Descongelei toda a carne da minha mãe
Que me deu um esporro, coloco gelo
Fica um chá de água, chá gelado
Anoto na agendinha
É preciso ter filtro
Acordo, esqueço
Leio o que anotei
Acho que cometi gafe na noite passada
Confiro com todas minhas amigas
Elas riem e dizem que não
Líquido C
É a primeira vez que vou ao mar na Europa
Estranho tudo, mas nunca o mar
A água gélida me desperta para a realidade
Caso eu esteja sonhando muito
Pois estou pelada na areia
Pela primeira vez na vida
Dentro da água, talvez milésima
Não há sinal de estranhos por perto, amizades nuas
Faz bem ver seu amigo pelado, sem cunho sexual
A maré sobe e estou do outro lado
Vendo uma goteira, cachoeira
Sei lá o que pode ser aquilo
Só sei que estou embasbacada
Com a natureza de uma praia inédita
Arthur volta e diz
Que a maré subiu tanto
Que molhou todos os nossos pertences
Inclusive o único iPhone que tive na vida
Não posso ter nada caro
Concluo e aperto confirmar
As pessoas se adiantam
Para voltar ao lugar de chegada
Daniela e eu não conseguimos
Os vinhos, os fumos
Os caranguejos, as sereias
Nós estamos tão perdidas
E a maré subiu mesmo
A ponto de não ser possível nadar
Tamanha correnteza
Ou esperamos um helicóptero português
Ou morremos tentando no mar
Porém há uma fenda na rocha, uma fenda estreita
Em certo momento é preciso deitar
E o teto fica a um palmo do nariz, arriscamos
Temos crises de riso e choro
Ouvimos morcegos, travamos
Nos lanhamos, nos arranhamos
Rasgamos a canga
Os vestidos e nossa pele
Estamos enfrentando uma fobia de maneira cruel
De maneira lancinante
Não sei como, mas conseguimos
Foi a única vez que perdi a noção da maré
Culpei a Europa, Pedro Álvares Cabral, entre outros
Um gringo e uma gringa foram mergulhar
Sem pedir a ninguém para
Dar uma olhadinha nas suas coisas
Instintiva e paranoicamente estou aqui
Guardando seus pertences e percebendo que
Em nenhum momento eles olham para cá
O que importa é o mar, é o mergulho
É esse caldo que eles acabaram de tomar
O que importa é essa risada em sueco
Que eles estão dando pós-caldo
Deve ser tão leve vir à praia
E esquecer que você tem coisas
Documentos, dinheiro, cremes caros
Para o cabelo não ficar palha
Ou para a cara não esturricar
Um livro que você ainda não acabou
Um celular que você ainda não pagou
Uma roupa que você ama, enfim
Que leveza! Quando voltarem darei um toque
Para terem mais cautela
Mas também devo dar parabéns
O mar deixa a gente com cinco anos mesmo
Líquidos, líquido A
Fiz xixi na cama essa noite
Após quase 30 anos talvez sem
Foi ridículo, porque foi meio territorialista
Preciso sair dessa casa em vez de empacotar
Bebo litros de cerveja belga
Que custam o preço da mudança e mijo na cama, que ridícula!
Ele quase ligou para o meu pai
Porque achou que era lance espiritual
Eu devia estar virada, não lembro
E quando a gente não lembra, alívio ou constrangimento?
Líquido B, esqueci de comprar água
E nessa casa não tem filtro
Cidade seca do cão
Penso em todos os horrores que já coloquei na boca
Desde cloro até fandangos
Passando por outras bocas
E aceito beber água da pia
Mas sinto um cheiro de remédio ruim
Que me impede de matar a sede
São quatro da manhã, estou com ressaca
Sem nem ter dormido
Fervo água da pia
Só não vou colocar no congelador
Porque quando era pequena
Fiz isso com a gelatina
Para que ficasse pronta logo
Descongelei toda a carne da minha mãe
Que me deu um esporro, coloco gelo
Fica um chá de água, chá gelado
Anoto na agendinha
É preciso ter filtro
Acordo, esqueço
Leio o que anotei
Acho que cometi gafe na noite passada
Confiro com todas minhas amigas
Elas riem e dizem que não
Líquido C
É a primeira vez que vou ao mar na Europa
Estranho tudo, mas nunca o mar
A água gélida me desperta para a realidade
Caso eu esteja sonhando muito
Pois estou pelada na areia
Pela primeira vez na vida
Dentro da água, talvez milésima
Não há sinal de estranhos por perto, amizades nuas
Faz bem ver seu amigo pelado, sem cunho sexual
A maré sobe e estou do outro lado
Vendo uma goteira, cachoeira
Sei lá o que pode ser aquilo
Só sei que estou embasbacada
Com a natureza de uma praia inédita
Arthur volta e diz
Que a maré subiu tanto
Que molhou todos os nossos pertences
Inclusive o único iPhone que tive na vida
Não posso ter nada caro
Concluo e aperto confirmar
As pessoas se adiantam
Para voltar ao lugar de chegada
Daniela e eu não conseguimos
Os vinhos, os fumos
Os caranguejos, as sereias
Nós estamos tão perdidas
E a maré subiu mesmo
A ponto de não ser possível nadar
Tamanha correnteza
Ou esperamos um helicóptero português
Ou morremos tentando no mar
Porém há uma fenda na rocha, uma fenda estreita
Em certo momento é preciso deitar
E o teto fica a um palmo do nariz, arriscamos
Temos crises de riso e choro
Ouvimos morcegos, travamos
Nos lanhamos, nos arranhamos
Rasgamos a canga
Os vestidos e nossa pele
Estamos enfrentando uma fobia de maneira cruel
De maneira lancinante
Não sei como, mas conseguimos
Foi a única vez que perdi a noção da maré
Culpei a Europa, Pedro Álvares Cabral, entre outros
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