Ressaca.13 - Tudo que já nadei

Líquido J

Adoro quando o tempo dá indícios
De que em duas horas o cenário será outro
Agradeço se estiver calçada
E com um guarda-sol em miniatura

Preciso desovar três histórias que me rondam
Meio minhas, meio dos outros
E quando não foi assim?
Melancia boa é água com gosto
O resto, devo inventar

Assassinar a preguiça internética
Que me mostra muitas janelas
Mas poucas vistas pro mar
Sou bebê e preciso de cores para acertar o foco

Pessoas podem me paralisar
De tesão ou de tédio
T é uma letra perigosa
Toda noite espero um sonho esclarecedor

Não que eu esteja perdida
Mas dei pra crer em sonho
Portanto seria agradável
Se meu subconsciente me fornecesse
Seis números mágicos enquanto durmo

Sonho
Outro dia, enquanto conferia
O resultado da Mega-Sena
Tive tremeliques de euforia
Quando os três primeiros números
Batiam com os meus: 5, 18, 23

Depois brochei, já equivocada
Há meses consegui a quadra
Alguns míseros reais
Que pagaram uma pousadinha
Pra eu ver o mar de Búzios
É custoso fazer dar certo, ensaio

Líquido K

O trajeto da lágrima é misterioso
Ora cai no seio, ora cai no umbigo
Outro dia foi parar no ouvido
Na boca lembra mar, pelo menos
Tem dia que não cai, pior trajeto, pelo mais

Líquido L

Nunca tentei consertar a natureza
Nunca estive na selva, e pensei
Se essa folha caísse mais pra lá
Ou essa onda poderia ter quebrado
Mais pra cá, não? Não, nunca

Aceito a natureza incondicionalmente
Preciso encarar as pessoas de maneira mais natural
Mas isso não impede que os desvios ocorram
E talvez algumas naturezas
Simplesmente não combinem com a minha
Devastam

Líquido M

Ar
Lysergsäurediethylamid
LSD
Para tudo ainda tenho o bom humor
Escuta, estou aqui no centro do furacão
Que insistem em chamar de olho

Mas pra mim é mais o centro
Ou seria o cu, visto que é o fim
Se bem que é mais um rabo
Pois sim: tô no olho do furacão

E daqui enxergo todos os seres humaninhos
Voando ou tentando se agarrar num tronco
Num cano, num poste
Ninguém, absolutamente ninguém
Ri ou se entrega ao voo

Quando o absurdo chega
Eu rio ou me entrego
Não é abraçar o capeta
Eu sei

É outra coisa, é abrir a geladeira
E o bife congelado cair no meu pé
E em vez de eu colocar a culpa na Prefeitura
Nos astros ou em sei lá mais quem
Eu rio

Eu saio do corpo
Numa técnica muito difícil
Que não conseguirei explicar
Mas eu saio do corpo
Dou pause no filminho da minha vidinha

Clico rewind, volto, me vejo de fora
Hilária, gigante, desengonçada
Querendo ser bonita e pá
Um bife congelado caindo no meu pé

Eu me contorço
Chego quase a ter um metro e meio apenas
De tanto que me reduzo
É tão engraçado, estou rindo
Porque sei que não vou morrer
Tampouco perder o pé

É engraçado
Vai ficar tudo bem
Então hahaha que engraçada
Essa pose que ela-eu fiz



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