Quebra-mar.4 - Tudo que já nadei

Quero dar um real pra ele
Que a minha maneira de elogiar
Quando as palavras me faltam
Mas meu maiô não tem bolso

Tranquei o curso
De peito, nunca mais, espadas, nunca mais
De costas e crau
Agora só se for no mar, sem borda

Vou com força
Vou com tudo
Sento o braço
Meto a mão

Naufrágio juvenil
Não houve janeiro sem praia por 13 anos
Do dia primeiro ao dia 31, praia todo dia
E quando não praia, por motivo de chuva
Havia piscina, troço maluco!

Aí teve o ano que saiu sangue de mim
E eu chorei a vida
E meu pai veio me dar parabéns, maluco!
E minha mãe contou pra todo mundo, maluca!

E meus irmãos fizeram: Errg
Quando eu sentei no sofá
Com a nova fralda, malucos!
E eu só chorava

Porque sabia que no próximo verão
Eu teria cinco dias sem praia
Cinco dias sem mar
Cinco dias sem água

Sim, tinha o absorvente interno
Mas na Tijuca diziam
Que a gente ia perder a virgindade se colocasse

Então, 1996, agora você já sabe
Porque você foi dos piores anos
Da década de 90
Porque os 31 dias de mar
Viraram 26, ao que parece

Descobri uma nova palavra
Istmo, é uma pequena porção de terra
Cercada por água em dois lados
E que conecta duas grades extensões de terra

Ou, eu e você nos encontrando
Sem querer na rua
Os corpos fincam no chão
As mãos se cumprimentam
Braços bambos molhados

É estratégico, é extenso
Nos despedimos sem dois beijinhos
Istmo, inverso do estreito

Esse texto é dedicado a Iuri Gagarin
Napa, tem um tipo de cheiro que não gosto
Hoje mesmo na padaria, passou um homem
Com esse cheiro

Parece que tem muita gente
Com esse cheiro que não gosto
Não sei se é um cheiro de capitalismo encalacrado
Ou se as pessoas esquecem a roupa na máquina
Por mais horas que o devido

Só sei que tem um tipo de cheiro que não gosto
E ele acontece com mais frequência
Do que eu gostaria
E é difícil prender a respiração fora d'água
Dentro, vou até quase um minuto

Treino na piscina, na banheira
Até mesmo no balde
Tenho boa apneia
Pra quem nem ganha dinheiro com isso

Fora d'água, só consigo prender
Uns 30 segundos e olhe lá
Esbugo o olho e tudo mais
Não sabem se estou incorporando
Ou se vi três baratas voadoras

O melhor, é que quando passo na rua
Alguma pessoa deve pensar o mesmo de mim
Um beijo pra você, vertiginosa

No necesito amar
Tengo vergüenza de volver
A querer lo que he querido
Toda repetición es una ofensa
Y toda supresión es un olvido
Lhasa de Sela



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